PÁGINA DE TRIBUTO

POR ULISSES MENDONÇA MARTINS


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DEDICADO AOS PAIS E AVÓS



Os avós maternos com a mãe;
Rogélia da Dores Pires (18.12.1921 - 29.11.2010),
Florentina Pires Mendonça (31.01.1946 - 01.09.1994),
Boaventura Pereira Mendonça (20.01.1918 - 21.01.2017)


O casamento dos pais com os avós paternos;
José Inácio Martins (1885-1979),
João António Martins (09.05.1939),
Florentina Pires Mendonça (31.01.1946 - 01.09.1994)
Georgina de Deus Figueira (1906-1982)


Mãe Florentina Pires Mendonça
(31.01.1946 - 01.09.1994)

DO LIVRO DAS EVIDÊNCIAS Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens. Em geral não se diz que uma decisão nos aparece, as pessoas são tão zelosas da sua identidade, por vaga que seja, e da sua autoridade, por pouca que tenham, que preferem dar-nos a entender que reflectiram antes de dar o último passo, que ponderaram os prós e os contras, que sopesaram as possibilidades e as alternativas, e que, ao cabo de um intenso trabalho mental, tomaram finalmente a decisão. Há que dizer que estas coisas nunca se passaram assim. Decerto não entrará na cabeça de ninguem a ideia de comer sem sentir suficiente apetite, e o apetite não depende da vontade de cada um, forma-se por si mesmo, resulta de objectivas necessidades do corpo, é um problema fisico-químico cuja solução, de um modo mais ou menos satisfatório, será encontrada no conteúdo do prato. Mesmo um acto tão simples como é o de descer à rua a comprar o jornal pressupõe, não só um suficiente desejo de receber informação, o qual, esclareça-se, sendo desejo, é necessáriamente apetite, efeito de actividades físico-químicas específicas do corpo, ainda que de diferente natureza, como pressupõe também, esse acto rotineiro, por exemplo, a certeza, ou a convicção, ou a esperança, não conscientes, de que a viatura de distribuição não se atrasou ou de que o posto de venda de jornais não está fechado por doença ou ausência voluntária do proprietário. Aliás, se persistíssemos em afirmar que as nossas decisões somos nós que as tomamos, então teríamos de principiar por dilucidar, por discernir, por distinguir, quem é, em nós, aquele que tomou a decisão e aquele que depois a irá cumprir, operações impossíveis, onde as houver. Em vigor, não tomamos decisões, são as decisões que nos tomam a nós. A prova encontramo-la em que, levando uma vida a executar sucessivamente os mais diversos actos, não fazemos preceder cada um deles de um período de reflexão, de avaliação, de cálculo, ao fim do qual, e só então, é que nos declararíamos em condições de decidir se iríamos almoçar, ou comprar o jornal, ou procurar a mulher desconhecida. in José Saramago, "Todos os nomes"


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